O Médico - Parte 79
Explicação do Ben:
Sobre o fato de escrever a materia: é meu dever como jornalista. Eu acho que devo isso aos leitores. O povo tem o direito de saber. Nós jornalistas temos o dever de informar. Para que vocês tenham acesso a essas informações, há pessoas que se arriscam. O problema é que há jornalistas sérios, que se compromentem com a verdade, mas o povo, a sociedade, vocês, menosprezam isso. Como? Votando nas mesmas pessoas, esquecendo quem foi o politco e/ou empresário que deu aquele desfalque, roubou dinheiro prublico. Mas é verdade que há riscos que hoje em dia eu me arrependo amargamente de ter me comprometido. Talvez a vida não precise passar por certas provações. Mas é o que faço e amo fazer - compromisso ético com vocês: o público.
Continuando...
"E agora, Sr. Benjamim, tem idéia da dimensão que suas palavras bonitas tomaram?"
Sim, agora eu tenho!
Fiquei anestesiado. Não sabia o que fazer, o que falar. Nem me mexer eu conseguia. Li o bilhete que chegou logo após o telefonema e fiquei pensando no quarto o pq disso ter tomado essa dimensão tão grande. Quer dizer, é claro q eu sabia, mas não esperava. Também me ligaram do sindicato informando que já sabiam do caso por debaixo dos panos, mas que nunca tiveram coragem de publicá-lo. Fiquei mais irado ainda porque, afinal de contas, era como se eu tivesse servido de bode para todos os jornalistas. Não houve apoio, portanto. Me bateu um desespero enorme que tomou conta do corpo todo. Minha cabeça estava a prêmio.
Benjamim - Vagner, eu... (comecei a chorar)
Vagner - o q foi, Benjamim? Vc ta em casa?
B - tou
V - ainda bem!!! Me deu um susto agora
B - q foi?
V - achei q vc já estivesse ligando do cativeiro
B - eitaaaa, Vagner, já ta pensando q eu vou ser sequestrado?
V - ah, Benjamim... enfim, o q foi?
B - me ligaram
V - e aí?
Enquanto eu contava para o Vagner a forma como aquela voz misteriosa me ameaçava, ele ia se desesperando do outro lado da linha...
V - ai, Benjamim, saí daí logo
B - pq?
V - vc ñ disse q te mandaram bilhete? Então, eles sabem onde vc mora... quer dizer, onde moramos... aí caramba, cadê a Ana?
B - trabalho, eu acho
V - enfim, sai daí
B - e pra onde eu vou?
V - ai, eu ñ sei, só sai
B - e fico na rua, mais desprotegido ainda?
V - pensa aí em um lugar
B - ai, não me vem nada na cabeça... Ah! Será q...?
V - o q?
B - os pais do Henrique me aceitam lá por hj?
V - boa, boa, boa, vai pra lá agora
B - mas eu tenho q ver se eles me querem lá
V - claro q sim, vai pra lá. Vou ligar pra Ana não ir pra casa
B - ai, Vagner, desculpa, desculpa por isso (chorando)
V - pára, Benjamim, deixa disso, vc é da nossa família, agora sai daí
Estava com o telefone nas mãos, pronto pra ligar pra casa dos pais do Henrique, mas aí eu tive medo e decidi ligar para ele antes...
Henrique - mas pq isso?
B - depois eu te falo, só liga pra eles pedindo pra me receber lá, pq estou indo para lá agora
H - ta, B, mas chegando lá, me liga q eu quero saber dessa aflição toda
Eu não tinha tempo para explicar, até pq eu precisava sair dali o mais rápido possível. Peguei as chaves, o celular e saí. Peguei um taxi e fui. Chegando na casa dos pais dele, fui, enfim, recebido...
D. Edna - Henrique me ligou desesperado! O que houve?
B - ai, é tão ruimde falar, mas... (otelefone toca)
E - Benjamim? É o Henrique (disse me passando o telefone)
H - ñ aguentei e liguei. O que houve?
B - Rique... (voltei a chorar)
H - BENJAMIM, FALA LOGO, TOU NERVOSO!!! (gritou)
B - me ameaçaram de morte
H - hã? Fala sério, Benjamim (disse com desleixo)
B - ñ é brincadeira ñ, Rique, é sério
H - e pq iam fazer isso com vc?
B - pq eu escrevi uma matéria aí
H - q matéria "aí" q vc escreveu?
B - Rique, eu... eu... tou com medo, Rique!
H - ta, fica aí, minha mãe te ajuda em q ela precisar, daqui a pouco eu ligo
Desligou na minha cara. Me senti desamparado com esse gesto, mas consciente que estava no lugar mais seguro naquele momento. Pq ñ era de proteção real que eu estava sentindo falta naquele momento, era colo...
E - menino, q história é essa? Me conta
B - pois é, D. Edna...
Eu estava na sala íntima com a D. Edna, aos prantos. Ela me amparou como uma mãe e ficou bastante preocupada e me deu razão por ter escrito. Talvez pq ela tbm tivesse esse instinto social de justiça q perdurou desde a sua época de faculdade, ou não soubesse dos riscos comuns da profissão, ou ainda para não me contrariar naquele momento dificil. Minutos depois, o Henrique liga...
H - eu liguei pro papai, ele disse q vai ajudar no que for necessário e disse q vai entrar em contato com umas pessoas
B - como assim?
H - relaxe, não é nada do q vc ta pensando. Olha, eu tou aqui perto do aeroporto, vou negociar uma passagem aqui, e amanhã, ou depois, eu tou aí. Não se preocupe com nada, vc ta seguro, deixe q o meu pai resolve
B - tou com medo, Rique
H - NÃO PRECISA TER MEDO, CONFIE EM MIM, NÃO VOU DEIXAR QUE TE FALTE NADA AGORA, NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ FEZ, EU TOU COM VC, FIQUE CALMO, VÁ DESCANSAR, DORMIR, SEI LÁ, ESQUEÇA O Q VC LEU, OUVIU E VÁ FAZER OUTRA COISA, VÁ VER TELEVISÃO, ENFIM, MAS NÃO SE PREOCUPE. EU TE AMO, VC Ñ SABE DISSO? EU Ñ DISSE Q IA TE FAZER FELIZ? PRONTO, RELAXE Q JÁ JÁ EU CHEGO (gritou e desligou)
E - o q ele disse?
B - desligou
E - mas o q ele disse?
B - q o Seu Henry vai resolver tudo
E - ah, então ta certo
B - quanta calma!?
E - oh, meu filho, relaxe, não é a primeira vez q o Henry livra a cara de alguém desse jeito
B - o q a senhora quer dizer com isso? Ele vai mandar matar, é isso?
E - hahahahaha, não, meu filho, não é isso não
B - é o q então?
E - deixe isso com quem entende
E foi assim que, nesse enigma, q a minha vida estava sendo guardada.
**************Continua******************
20 de outubro de 2009
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