8 de outubro de 2009

O Médico - Parte 78

Ela me olhou com os olhos cheios d'água e fez algo que eu nunca esperei: me deu um tapa no rosto...

A - VC TA PENSANDO O Q DA SUA VIDA??? VC TA PENSANDO Q O MUNDO É COR-DE-ROSA? SEU VIADO DE UMA FIGA!!! (gritando, chorando e nervosa)
B - calma, Ana... (interrompe)
A - CALMA UM CARALHO!!! OLHE, SUMA DA MINHA FRENTE, SE POSSÍVEL, SUMA DO ESTADO
B - Ana, não é pra tanto

Ela pegou o telefone e se trancou no quarto.

Continuando...

Minutos depois, ela aparece com a cara vermelha e me oferecendo o telefone...

A - o Vagner quer falar com vc
B - oi
Vagner - Benjamim, eu não esperava que vc fosse fazer isso
B - eu é q ñ entendo, vocês já esqueceram da faculdade, da época em que diziamos que seriamos justos e éticos na profissão? (disse isso olhando para a Ana)
V - e vc acha q o código de ética vale a sua vida? Meu irmão, eu tou odiando vc nesse momento! Vc ñ tem o q fazer não? Vá escrever sobre um favelado morto, agora deixa esse povo em paz
B - eu é q ñ acredito no q tou ouvindo
V - deixa de besteira, Benjamim, vc ta pensando q aquelas coisas q a gente discutia na faculdade vão valer de alguma coisa no mundo real? Vc ta muito enganado
B - mas, Vagner... (interrompe)
V - olhe, quer saber de uma coisa? Ja ta feito, a merda foi jogada no ventilador, agora se prepare para as consequências, meu amigo. Se prepare!
B - q frieza!!!
V - ué, é a mesma frieza com a qual vc ta tratando a mim e a Ana. A gente se preocupa com quem ama e vc ta desdenhando esse sentimento... se é assim, depois veja as consequências, tchau!
B - desligou!
A - "desligou!" (imitando a minha voz com ironia) Vai pra puta que te pariu

Tomou o telefone da minha mão e foi se trancar no quarto. Juro que não entendia aqueles dois, mas foi horrivel vê-los me tratando daquele jeito. Senti como se tivesse perdido a minha família. Sentei no sofá e comecei a chorar e a me arrepender de ter escrito a matéria, não por causa do perigo, mas por causa do jeito com que eles ficaram. Na verdade, do perigo eu não tinha dimensão, ainda!

Minutos depois do show de horrores, o telefone toca. Era do jornal...

Alguém - olhe, ja ligaram pra cá várias vezes querendo tirar satisfação sobre a sua matéria
B - quem ligou?
Al - e vc ñ sabe q esse povo não se identifica? Olhe, ta sinistro o negócio aqui, corra pra cá
B - ta
Desliguei o telefone as pressas e fui bater no quarto da Ana...
B - Ana? Olha, tou saindo, vou pro jornal, tão me chamando lá
A - VA TOMAR NO CU!
B - Ana!!!
A - JA MANDEI TOMAR NO CU
Saí deixando esse clima pairando entre nós. Ela não estava com raiva de mim, estava aflita, preocupada, angustiada pelos meus atos e suas possíveis consequências. É obvio que eu a entendia. Mas ainda não tinha dimensão dos meus atos. É uma parte da vida que odeio lembrar, por isso vou encurtar esse período aqui no conto, até pq ñ posso dar muitos detalhes. No dia seguinte, tarde, umas 15hs, um telefonema não muito agradável, um bilhetinho não muito bem vindo...
"E agora, Sr. Benjamim, tem idéia da dimensão que suas palavras bonitas tomaram?"
Sim, agora eu tenho!

Despedida do Ben:

se cuidem
se importem, se for importante para ele
se preocupem, se for preocupante para ele
afinal, ele=vc
e juizo hein?

Continua...

Boa sexta e bom final de semana pra todos!!!!!!!!!!!!!!!!

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