24 de julho de 2010

Conto

"Henrique, seu idiota, o seu namorado te ama e quer um beijo agora!"

Ele fica desnorteado. Olha para os lados como se não entendesse nada e depois me olha. Eu fiz uma cara de arrependido e ele ficou sério me olhando. Depois, ele sorriu, deu uma risadinha e disse...

H - vc quer mesmo um beijo?
B - quero?
H - aqui e agora?
B - é

Aí ele vem de leve, quando de repente...

O Médico - Parte 86 - Final

O Henrique ficou todo empolgado com a minha coragem em beijá-lo ali mesmo. Para quem não queria nem mesma andar de mãos dadas pelo calçadão da praia, isso realmente era um avanço. Claro que eu só estava fazendo isso para agradá-lo, para fazermos as pazes. O melhor da briga é as pazes! Mas ele estava com os olhos iluminados com a minha disposição. No momento do beijo...

Garçom - ei, pode não!!!
Ana - como é?
G - esse tipo de coisa não pode aqui
A - como é o seu nome, querido? (olhou no crachá) Ah, Fulano, eu sou jornalista, meu marido aqui é jornalista e ele (apontando pra mim) tbm é, portanto, se você não deixa-los se beijar vou escrever sobre esse boteco e falar que vocês são homofóbicos e ainda cito o seu nome. E então???

A Ana intimida qualquer um. Na época da faculdade, ai de você se não concordasse com ela. O Bom é que sempre fomos amigos e ela sempre me considerou. Agora imaginem o coitado do garçom. Ele ficou olhando pra Ana e saiu...

A - pronto, frutinhas, podem se beijar, barra limpa
Henrique - hahahahaha, tenho medo de vc
Vagner - é pra ter mermo. Tu acha q eu me casei com ela por que?
A - beijo, beijo, beijo!!!

Nos olhamos um pouco, rimos e nos beijamos. Tava um barulho intenso, não dava pra escutar nada "nitidamente". Beijo bom é aquele em que a gente não raciocina e nem escuta. Foi tão carinhoso! Mas durou pouco, não quisemos chocar ninguém...

Benjamim - vamos pra outro lugar?
A - Vamos!!! To louca pra escutar um bate-estaca
V - vamos por apê?
A - não, vamos pra night

Pegamos o carro e fomos pra uma boate proxima do bar. Boate é mais legal pra namorar, é escura e ninguem (ou quase ninguem) liga para beijos e amassos gays. Foi divertido, adoro dançar e o Dj era ótimo. Amanheceu, fomos pra praia e ficamos comemorando o reencontro na areia. Vimos o sol nascer ali, só nós quatro, lindo!!!

Depois fomos pra casa. Claro, o casal-maravilha para a deles e nós para a casa dos pais do Henrique. Tomamos um banho rápido pq ninguem se aguentava mais em pé e fomos pra cama dormir de conchinha...

H - mais pertinho, B
B - pera
H - mais
B - ja tou grudado
H - não, mas as minhas pernas ainda tão soltas, ô
B - aff
H - hahahahahaha
B - hahahahahaha
H - pronto. Hum cheirosinho, fresquinho, bunitinho, dá um beijinho?!

E assim foi o resto da semana!
No último dia...

H - hj é especial
B - pq?
H - amanhã vou embora
B - ah ta, chato isso (choramingando)
H - hum, q lindinho. Vai sentir minha falta?
B - um tantão assim ô (abrindo os braços)
H - hahahahaha, meu garoto que eu amo tanto
B - pra onde vamos?
H - surpresa!!!
B - eita, começou
H - hehehe, claro. Esteja pronto às 22hs
B - pq? Vc vai sair?
H - como assim?
B - ué, vc disse pra eu estar pronto às 22hs, vc não vai passar o dia comigo?
H - o dia todo não, hj eu tenho q ir ver a questão da galeria, conversar com um cara que quer fazer sociedade e tal
B - ok, meu lindo, traga o pão pra casa
H - hahahahaha, ok, querido, quer que eu traga o leite tbm?

Eu tava super ansioso. O Henrique não é nem um pouco criativo, mas quando inventa de me surpreender, ele sempre consegue se superar. Deixei o meu maridinho ir fazer nagócios enquanto eu fazia o almoço (sentido figurado, é claro)

A noite chegou e às 21hs30min eu já estava pronto para a surpresa. Henrique chegou em casa eram mais ou menos 22hs10min...

H - desculpa o atraso, B, tomo banho, me visto e desço em 5min

20min depois, ele descia. Me perguntem se valeu a pena esperar por ele... Ele estava lindo, perfumado, penteado, formamelte arrumado: calça preta, um camisa de botão rosa com listras pretas na vertical e sapatos...

H - demorei?
B - imagina!!!
H - q bom, vamos?

Entramos no carro e saimos...

B - nem vou perguntar pra onde vamos, eu sei q vc não vai dizer
H - aham
B - deve ser um lugar bem legal, mas eu não vou perguntar
H - ok
B - deve ser bem aconchegante lá
H - é
B - argh!!! Fala, Rique, pra onde vamos?
H - hahahaha, sabia q vc não resistiria
B - vaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

i
H - não
B - vai, Riquezinho
H - hã? Não
B - vaiêêêê
H - deixe o faro jornalistico pra outra hora
B - odeio você como nunca!
H - aham

Minutos depois...

H - chegamos
B - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Era o restaurante onde ele tinha me pedido pela primeira vez em casamento. Meus olhos se encheram de lágrimas, minha boca ficou seca...

H - vem (descendo do carro)

Ele foi na frente, pensando que eu o acompanhava, mas eu fiquei estático no carro. Ele nota a solidão e volta...

H - B, vc não vem?
B - ai, q lindo Rique!!!
H - hum, meu gatinho, vc merece, vem, pega a minha mão

Ele me pegou pela mão e fomos até uma mesa. Pedimos. Ficamos um olhando pro outro. Admirando...

B - ta do mesmo jeitinho isso aqui
H - é verdade
B - ai q bom q vc me trouxe

Não conversamos muito. O que sentiamos era só a vontade de sentir aquele lugar. O lugar falava por si só...

H - quando morarmos juntos, nossos jantares serão assim, unidos na mesa

Nesse momento eu sinto o pé do Henrique tovando a minha canela. Ele estava de meia. Sente ao lado dele - estava de frente antes - e coloquei as minhas coxas em cima das dele. Ficamos ali tomando vinho e conversando. O garçom apareceu e perguntou:

Garçom - posso trazer a sobremesa?
H - pode sim

Daqui a pouco me aparece o garçom com uma taça imensa de sorvete. E quando eu falo imensa, eu digo imensa. Tinha uns 2,5L de sorvete naquela taça...

B - o que é isso?
H - eu encomendei essa sobremesa ontem pra eles
B - q máximo!!!
H - atacar?
B - simbora

Começamos a tomar o sorvete. Foi tão divertido! De repente o Henrique tira com a colher um cordão dourado dentro do sorvete...

B - o que é isso Rique?

Ele pega a minha mão, tira a minha aliança e coloca-a no cordão...

H - toma, põe no pescoço
B - pq?
H - pq enquanto eu estiver fora, é assim q vc vai usar a aliança
B - pq?
H - quando eu voltar, eu vou colocá-la no seu dedo, mas isso é quando eu voltar
B - mas... (interrompe)
H - procura o meu aí dentro... isso, agora pega a minha aliança, põe no cordão e coloca no meu pescoço
B - mas, Rique, pq isso?
H - pq a gente precisa de um cerimônia bem bonita para pôr essas alianças. Quando eu voltar, a gente realiza, mas por enquanto a gente usa assim
B - oh, Rique (quase chorando)
H - eu acho q a gente já se casou e se separou umas 3 ou 4 vezes. Quando a gente se casar de novo, a gente tem q prometer um para o outro q não deixaremos mais que bobagens atrapalhem a gente, ok?
B - ok

Depois do sorvete fomos pro carro...

H - vem cá, me abraça (durante o abraço) Eu tenho pena das outras pessoas que não sabem o que amar de verdade... não têm alguem como eu tenho e não pensam da forma como eu penso sobre isso. B, me promete que a gente vai morrer velhinhos e juntos?!
B - prometo!!!

Nos beijamos loucamente naquele carro, mas não durou muito...

H - vamos pra outra parte da surpresa
B - tem mais?
H - claro

Fomos em direção a orla. Chegamos no porto. É muito esquisito lá, principalmente a noite...
B - Rique, pq a gente tá aqui?
Juro, vocês vão rir, mas sempre quando estou com alguém no carro, não importa quem seja, não importa mesmo, e estamos em um lugar considerado perigoso, esquisito, distante de tudo eu acho que a pessoa que me levou até lá vai me matar e me deixar ali mesmo. Eu sei, é loucura, mas eu tenho isso desde pequeno. Eu saia com o meu pai e eu achava q ele ia me matar e me deixar em um matagal uma vez, com a minha mãe eu achava q ela ia me deixar em um banheiro público... enfim, eu nem deveria ter contado isso pq perdeu todo o clima romântico q eu criei...
H - relaxa, estamos seguros
Ele tira uma lanterna do porta-luvas, sai do carro e me pede pra sair. Eu saio, ele me pega pela mão e me leva até a ponta do cás. Chegando lá, ele dá dois "clicks" na lanterna em direção a um barco e recebemos dois de volta...
B - Rique, o que é isso? Tou com medo
H - vc não confia em mim?
B - não... quer dizer, sim, eu confio (tremendo)
H - vc ta tremendo!!! Vem, me abraça
O barco foi se aproximando do cás e um cara desce do barco, prende a corda em um dos tocos do cás, o Henrique aperta a mão do cara e esse vai embora...
H - vem, sobe
B - o que é isso, Rique?
H - um barco, oras
B - pára, Rique, tou com medo
H - deixa de drama e sobre, vem, pega a minha mão
Eu peguei na mão dele, subi e ele deu partida...
H - o que vc acha de passar a noite em um barco, no meio do oceano comigo? Só nós dois e ninguem pra atrapalhar
B - (mais calmo) adorei a idéia
H - q sorriso lindo!!!
B - Rique, vc sabe pilotar essa coisa?
H - essa "coisa" eu ganhei quando tinha 14 anos
B - tudo isso?
H - aham, um dia eu disse q ia fugir de casa, aí o meu pai pediu pra patrulha maritima ou alguma coisa do tipo me procurar. Ele sabia que eu tava no barco com uma mochila com duas mudas de roupa e um bocado de biscoito
B - hahahaha, meu pequeno grande homem!!!
H - pronto, deixa eu só ancorar aqui... vê, a lua ta linda, ja ja ela toca o mar e vc vai sentir as ondas que ela vai provocar
B - eu sabia que vocês era romântico, mas não imaginei que fosse tanto
H - a saudade inspira

O barco era relativamente pequeno, mas cabia seis pessoas tranquilamente. Tinha uma cama que daixava os nossos pés de fora e uma pequena mesa com dois bancos de madeira. Acendemos velas, mas ficamos do lado de fora, deitados na proa (proa é a parte da frente do barco né? ou será a popa?) O Henrique se deitou, colocou as duas mãos atras da cabeça e ficou olhando as estrelas, eu me deitei do lado, me agarrei ao peito dele e fiquei olhando junto com ele...

H - eu queria tanto conhecer as constelações, eu só conheço o Cruzeiro do Sul
B - ali né? (apontando)
H - é
B - eu conheço também as Três Marias, ali ô
H - é verdade

O Henrique tira as mãos de tras da cabeça e me abraça e ficamos assim...

H - ta um friozinho
B - frio de maresia
H - nem dá vontade de falar, só de ver
B - aham

Ficamos grudados, de meias e de olhos bem abertos para o céu iluminado de pequenos brilhantes. Depois de um tempo calados, ele disse:

H - eu te amo!
B - eu também te amo!
H - vamos consumar isso lá dentro

Entramos. Eu fui na frente e desci os pequenos degraus da cabine. Ele veio em seguida e, assim que descemos, ele me abraçou por tras, todos os nossos músculos se encaixaram em perfeita harmonia. Eu sentia a virilha, os joelhos, os bíceps, o queixo, o peito, o cabelo... tudo em perfeito encaixe. Por tras, ele me beijava. Me virou e foi me deitando na cama, ficou de pé e tirou a camisa. Pôs um dos joelhos entre as minhas pernas e foi se deitando sobre mim. Pegou as minhas maõs e as prendeu acima da minha cabeça, me deixando imóvel. Começou a me beijar e a acomodar a sua virilha nos meus quadris. Me beijava lento, mas com força. A cada passada de língua, ele suspirava profundamente. Desabotoou minha calça e foi se esfregando. Eu estava em extase antes mesmo de começarmos a fazer amor. Ele tirou minha calça e voltou a me beijar. Tirou a própria calça e ficamos de cueca. Estávamos muito excitados. Senti a glande ficando molhada de tanto ser friccionada contra o tecido da cueca. Ele não parava de beijar e de me imobilizar. Ela já estava encaixado entre as minhas pernas, mas continuava se mexendo como se não estivesse satisfeito, fazendo com q a cueca friccionasse mais e mais na minha glande. Os suspiros se transformaram em sussurros e ele começou a passar a lingua no meu pescoço e a morder a minha orelha. Pegou na calça uma camisinha, colocou só o membro pra fora e, sem tirar a cueca por inteira, desenrolou a camisinha. Eu ainda estava de cueca. Ele foi tirando de leve enquanto levantava a minha blusa e beijava/mordia o meu tórax, ía para o umbigo e depois pra virilha. Eu me contorcia, puxava um pouco os meus cabelos e soltava gemidos frouxos. Finalmente ele tirou toda a minha cueca. Ele ficou de joelhos em cima da cama, pôs os meus pés sobre os ombros dele (acho q foi a primeira vez q ficamos nessa posição)...

H - quero te olhar gemendo (com uma voz baixa e grave)

E à luz de velas, ao cheiro de maresia e no balanço das ondas Henrique se introduziu em mim, se aproximou do meu rosto e repetiu:

H - quero te olhar gemendo

Eu virei o rosto e não aguentei sentir tanto prazer. Ainda era um prazer mais psicológico que físico, mas era prazer!!!


Ele fazia devagar, mas entrava todo. Ele fazia com certo molejo, certa habilidade em se mexer. Segurava os meus pés, olhava no fundo dos meus olhos e se introduzia em mim. Eu suspirava, ofegava, me agarrava aos lençois, colocava a mão na testa como se estivesse impaciente e tudo o que ele fazia era me olhar gemer. Muito tempo depois, muito mesmo, ele começou a ficar mais rápido. Mas não era tão possivel assim continuar naquela posição. Só que transição de posição entre nós não é mecânica, tem que haver carinho. Ele parou de se movimentar, se deitou sobre mim e me beijou intensamente. Invadiu a minha boca com toda a lingua e me mordeu os lábios. Eu estava dominado! Depois ele me fez deitar de bruços e voltou a me amar por trás. Ele mordia a minha orelha e lambia o pescoço, segurava as minhas duas mãos com apenas uma mão e com a outra ganhava impulso para continuar se movimentando...

H - quem é o seu macho? (sussurrava) Quem é? (voz baixinha e ofegante)

Ele não esperava respostas, óbvio, era uma pequena tensão que ele causava nos meus neurônio inundados de pensamentos libidinosos. Eu sentia toda a virilha dele sendo esfregada na minha bunda, os pêlos e o abdome pressionando sobre as minhas costas. Coemçamos a suar e ele começou a exalar aquele cheio de homem de verdade. Esfregava no meu ombro o queixo com a barba arranhando. Quando ele faz isso é pq está impaciente. Ficamos sempre impacientes quando fazemos amor, pq a graça de se fazer amor é demorar no ato, mas os nossos instintos nos pedem pra ejacular imediatamente. Por isso, depois que ele começa a esfregar o queixo em mim, eu sei que ele cessa um pouco os movimentos. Não deu outra: ele começoua a ficar mais lento e a chupar mais forte o meu pescoço...

H - hein? Me diz, B, quem vc ama? Quem é o seu macho? Me responde, anda: vc gosta disso? Gosta do seu macho?

Eu só respondia com suor. Eu sentia as veias do pênis dele pulsando, quando ele parava dentro de mim. Ficou lento, mas depois que a vontade de gozar passou, ele voltou mais ágil, mais viril.


A vontade de chegar lá era tão grande que ele não conseguiu mais adiar esse momento, mas antes dele ejacular, eu já gozava nos lençois. O meu membro estava preso e com os movimentos do Henrique ele também era estimulado. Durante uma mastrubação, por exemplo, quando vc está prestes a ejacular, vc acelera os movimentos pq é muito angustiante sentir o esperma saindo e vc com as mãos leves e vagarosas. Eu não tinha o controle sobre esses movimentos e o Henrique estava lento quando comecei a gozar. Eu simplesmente me perco nos movimentos lentos e gozo com muito mais prazer...

B - Rique, tou gozando, ahhhhhhhhhhhhhh
H - me espera, B

Ele acelerou o movimento e gozou logo em seguida. Deitou-se ao meu lado e ficou ali, olhando para o teto, tentando recuperar o fôlego...

B - eu não aguento outra, Rique (ofegante)
H - nem eu
B - então só me beija e a gente dorme de conchinha
H - vem
Fui em direção aquele homem tenso de tanto desejo, que me acariciava os cabelos e me beijava como se fosse a última vez que nos veriamos. Fomos deitando de leve um sobre o outro e sentido a pele quente dos movimentos de minutos atrás. Eu sentia a sua virlha suada que envolvia a minha e os pêlos da coxa dele arrepiando a minha coxa. Ficamos molhados juntos. Eu chupava o pescoço dele e ele jogava a cabeça pra trás, gemia e passava a mão na cabeça impaciente. No fim, quando não restava mais nehuma força, ficamos abraçados, mas não de conchinha, um de frente pro outro entrelaçando as pernas. Pela manhã, acordamos com um sol escaldante e gaivotas gritando. Nos vestimos na maior alegria...
B - a melhor surpresa de todas!
H - gostou?
B - nem ouso responder essa pergunta
Ele "estacionou" o barco no cás, pegamos o carro e fomos pra casa dele. Decidimos, assim como da última vez q eu não iria para o aeroporto. Despedida seria dolorosa!!!
H - eu ligo quando desembarcar
B - ok, meu amor
H - te amo
B - eu também te amo
H - lembra da minha promessa: vou te fazer feliz?
B - já está cumprindo
H - não, vc ainda não viu nada
B - como assim Rique?
Ele não respondeu, só sorriu, mas aquele tom de voz era sério demais para um simples mimo...
B - Rique, o que vc quis dizer?
H - vem cá mãe, me dá um abraço
Desconversou.
Até hoje ele nunca me respondeu!
Ele se foi. Nos correspondemos via msn quase todos os dias, mas as ligações ele sempre me faz - duas vezes por dia. As vezes ele passa um dia inteiro sem ligar e só liga antes de ir dormir, me pede para enviar um beijo de boa noite para que ele possa dormir em paz.

O apartamento está pronto. Escrevo daqui. A galeria funciona hoje sem ele, mas o consultório o aguarda. Os móveis estão até hoje emplastificados. É uma lembrança de futuro (estranho) olhar para aquele consultório. É como se eu sempre soubesse que acabaria desse jeito, desde quando o vi passar no hall do hospital pela primeira vez, ou quando o vi atendendo o Vagner, ou quando ele me disse para beber o café. É como se aquele primeiro contato prevesse tudo isso. Eu o vi pela primeira vez de jaleco e daqui a dois meses (sim, ele volta daqui a dois meses!) eu o verei sempre vestido desse jeito, me dando boa noite quando chegar do trabalho, cansado e implorando com um olhar infantil por um beijo, o copo de leite e uma massagem nas costas. Eu, o marido, o farei com todo o prazer do mundo. Engraçado, ele me ligou hoje, disse que estava empolgado com o desempenho dele, mas em um rápido descuido começou a chorar e eu perguntei o que foi e ele só disse "saudades".
Sentirei saudades de todos vocês, leitores!!!
Nossa, ja estou chorando...
Esse conto me ajudou a superar o passado e a esperar o futuro com mais paciência. Vocês mudaram através de minhas palavras? Bem, eu mudei mais. Mesmo sendo eu quem escrevia, parecia que era outra pessoa que descrevia essa vida equilibrista que eu levei e levo até hoje. Me surpreendi comigo mesmo quando relia alguns trechos. Me amaldiçoava, amaldiçoava ele... Chorava e ria, nostalgia plena. Falei de sexo (o nome dessa comunidade é "Contos Eróticos"). Senti mais do que simples tensões prazerosas e acredito que vocês também. Acho que ninguém nunca me ouviu falar da minha vida desse jeito. Vocês nunca me ouviram falar da minha vida desse jeito. Fizeram melhor: vocês leram. Não há nada mais transparente que isso.

*Se cuidem*

Quando uma porta se fechar
quando você achar que esse é o final
quando você olhar o chão e ver um teto
respire fundo

Quando começar a temer o amanhã
quando se prender em cordas opressoras
quando o travesseiro esquecer que você existe
respire fundo

Quando não mais viver
quando não mais chorar
quando não mais amar
respire fundo

Respirar é o primeiro ato de vida
e lembre-se sempre:
tenha sempre juizo!


_Benjamim_

Bom domingo!

Adriano.

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